Saiba como funciona a logística do Sertões, o maior rally das Américas

Por Fernando Garcia, Head de Produção Sertões

Grandes eventos esportivos e de entretenimento são cada vez mais constantes no Brasil. Em comum, demandam uma estrutura complexa e um planejamento detalhado para que todas as peças do quebra-cabeças se encaixem. O público muitas vezes vê de perto o resultado pronto, mas não tem a dimensão do trabalho exigido para que isso aconteça.

No caso do Sertões, que chega este ano à sua 33ª edição, há um aspecto que o diferencia dos festivais de música ou de um GP de Fórmula 1, por exemplo. A prova atravessa o Brasil ao longo de oito dias com uma caravana estimada em 2.500 pessoas e o mesmo acontece com toda a logística necessária. Por diferentes motivos – distâncias, custos e tempo -; seria inviável montar com grande antecedência toda a cenografia e estrutura de acolhimento para equipes, organização, imprensa, patrocinadores e público em cada uma das cidades visitadas pelo rally.

Antes de contar como fazemos, vale explicar o processo desde o início. Assim que uma edição da prova termina, começa a prospecção das cidades para o roteiro da próxima e, uma vez identificadas, as conversas institucionais com os respectivos governos.

O passo seguinte é a primeira visita técnica, para identificar locais que possam receber a Vila Sertões. Uma verdadeira cidade em que se instalam, a cada parada, as cerca de 70 equipes (com, em média, 320 veículos, entre carretas, motorhomes e apoios) e a organização, além dos estandes dos patrocinadores, a Loja Sertões e toda a estrutura de acolhimento do público (praça de alimentação, banheiros). Em alguns casos, também a logística de atendimento médico da SAS Brasil, organização social parceira do Sertões. Uma área total que, dada a dimensão atual do rally, deve contar com pelo menos 70 mil metros quadrados – em Brasília, na edição 2024, foram 120 mil m2.

Em reuniões com os representantes locais, discutimos ajustes necessários, sua viabilidade e prazos. Assinado o memorando com cada Prefeitura, o trabalho começa a deslanchar. Elaboramos um mapa de cada vila com a localização exata das equipes; da estrutura da organização, posicionamento de estandes e da cenografia. Em São Paulo, todo o material necessário é elaborado, produzido, conferido e embarcado. Até mesmo para estimular a economia das cidades, optamos, sempre que possível, por contar com o suporte de fornecedores e mão de obra locais.

Quinze dias antes da largada do Sertões 2025 a primeira Vila Sertões começará a tomar forma em Goiânia. A primeira cidade do roteiro exige uma logística maior, já que também recebe o Prólogo e o Super Prime (este com arquibancadas para o público e área de convivência para patrocinadores e convidados). A partir daí a estrutura se divide em duas, de forma espelhada. Uma delas se destina às cidades pares (segunda, quarta, sexta e oitava etapas) e a outra, respectivamente, às cidades ímpares. Em todos os casos, um produtor chega antecipadamente às cidades para uma última conferência. Apesar de todo o planejamento, sempre há uma ou outra eventualidade para resolver – os perrengues não são exclusividade dos competidores.

Normalmente por volta das 21h começa a desmontagem do material da Vila que será novamente carregado no caminhão para seguir à cidade que receberá o Sertões em dois dias e assim sucessivamente. Uma maratona tão ou mais desgastante que a dos pilotos e navegadores por milhares de quilômetros. Assim como eles festejam ao final do desafio, o mesmo acontece com o nosso time, consciente do tamanho da empreitada concluída. Em pouco tempo, todo o processo recomeça.