Sertões em São Paulo: Rally já teve largadas no Pacaembu e até no centro da cidade

A maior cidade do país já fez jus à grandeza do Rally dos Sertões. São Paulo, que completa 470 anos nesta quinta-feira (25), escreveu seu nome na história do maior rali das Américas. E com direito a protagonismo: em seis edições, a largada aconteceu na capital paulista.

A primeira parceria entre São Paulo e o Rally dos Sertões se deu em 1996, logo na quarta edição – a segunda dos carros. A competição começou em pleno Vale do Anhangabaú, com destino final em Fortaleza. Até 2001, a cidade voltou a receber a largada: foram cinco vezes seguidas, na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu (na foto acima, está Jean Azevedo, sete vezes campeão nas motos, durante a largada da edição de 1998).

Em 32 anos de história, a largada do Rally dos Sertões aconteceu em apenas três capitais do país. Além de São Paulo, Goiânia foi a primeira anfitriã em 16 edições (2002-2011 e 2013-2018). Por fim, São Luís foi palco da largada em 2013.

Nas seis edições com largada em São Paulo, até a primeira especial, houve um grande deslocamento durante a madrugada. Em 1997, por exemplo, a competição começou em Mairiporã/SP e, depois de 4.500 km, terminou em Natal.

São Paulo e o início de uma história

O Rally dos Sertões de 1996 foi uma espécie de virada para a prova. O número de competidores nos carros saltou de oito para 23. No total, contando as motos, foram 73 participantes. Naquela ocasião, o Rally já era considerado um dos maiores ralis do mundo, mesmo com toda a simplicidade relatada por um dos competidores: o navegador Detlef Altwig.

“Foi bem interessante a largada no Anhangabaú. Muito frio, com chuva. Não tinha muita gente, fora os pilotos, família, parentes e o pessoal da organização. Foi bem simples. Participar daquele rali em 1996 foi um grande sonho. Não havia internet, as notícias chegavam pelos jornais ou pelos clubes de rali. Fiquei sabendo do Rally de 1996, no clube de Campinas”, contou Altwig à reportagem.

Toda essa simplicidade, em meio a uma época de pouca divulgação e de tecnologia ainda incipiente no mundo, refletia também no equipamento usado pelos competidores. A cronometragem, por exemplo, não contava com monitoramento via satélite. A organização do Rally levava em conta o horário de largada e chegada do competidor para, então, fazer as contas. Hoje, é possível controlar a velocidade nas zonas de radar e eventuais desvios do percurso sem precisar de nenhum fiscal ou cronometrista. A precisão é muito maior, e o resultado é apurado de forma mais rápida e rigorosa.

“Todos corriam com o carro original. Era uma gaiola, cinto de segurança quatro pontas e muitas vezes até o banco original do carro. Praticamente ninguém tinha apoio mecânico, todo mundo fazia seu próprio apoio, achava uma oficina nas cidades. Era tudo na cara e na coragem”, explicou Altwig, que participou dez vezes do Rally dos Sertões e foi oitavo colocado em 1996 – os vencedores nos carros foram Cacá Clauset e Norton Lopes, com Juca Bala campeão nas motos.

De 1996 a 2000, Altwig foi navegador ao lado do piloto Robert. Nos anos seguintes, ele fez parte da equipe técnica do Rally e também foi chefe de uma equipe. A experiência de largar em São Paulo, com cartões postais emblemáticos ao fundo, ficou marcada na carreira do competidor de Campinas.